Teses do Campus de Angra do Heroísmo - Universidade dos Açores

Este blog pretende resumir as teses de Mestrado e Doutoramento realizadas no Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, a que é possível ter acesso e concluídas a partir de Novembro de 2005.

Wednesday, June 27, 2007

Literacia Ambiental: um desafio universitário na formação de Educadores de Infância

Realizou-se, a 27 de Julho de 2007, a defesa da tese de Mestrado em Educação Ambiental de Ana Isabel Bandola Godinho, sob a orientação dos Professores Francisco Sousa do Departamento de Ciências da Educação e Félix Rodrigues do Departamento de Ciências Agrárias, ambos da Universidade dos Açores, com o título "Literacia Ambiental: um desafio universitário na formação de Educadores de Infância".
O júri foi constituído pela Doutora Rosalina Maria de Almeida Gabriel, professora auxiliar da Universidade dos Açores (por designação do Magnífico Reitor), Doutor José Augusto de Brito Pacheco, professor associado com agregação da Universidade do Minho, Doutor António Félix Flores Rodrigues, professor auxiliar da Universidade dos Açores, Doutora Emiliana Leonilde Diniz Gil Soares da Silva, professora auxiliar da Universidade dos Açores e Doutor Francisco José Rodrigues de Sousa, professor auxiliar da Universidade dos Açores.
O estudo apresentado, assentou predominantemente numa abordagem quanti-qualitativa que se configurou, de acordo com o método utilizado, Ex post facto, no estudo da transmissão de conhecimentos ambientais no curso de Educadores de Infância da Universidade dos Açores, através da análise do currículo formal e currículo oculto.
Os resultados obtidos apontam para alguma influência do currículo oculto, através de aprendizagens ambientais não explícitas e/ou não intencionais, que ocorrem no contexto universitário, e a existência de um peso significativo do currículo formal, no que respeita à construção de uma literacia ambiental com um pendor para a vertente da cidadania.
Tratando-se da formação de profissionais, cujas competências estão definidas e socialmente legitimadas no perfil de desempenho profissional, pode afirmar-se que o currículo formal dos Educadores de Infância formados na Universidade dos Açores, tem um contributo importante para a construção da sua literacia ambiental, embora esses profissionais não o reconheçam, pelo menos de forma consciente.
Observaram-se diferenças entre as preocupações ambientais manifestadas pelos alunos do primeiro ano do Curso de Educação de Infância e os profissionais que concluiram o curso no ano lectivo transacto. Os primeiros procuram maioritariamente a informação ambiental nos meios de comunicação social enquanto que os segundos procuram mais revistas especializadas, colóquios e conferênicas.
Tanto os alunos do primeiro ano, como os Educadores que já concluíram o curso, consideram-se suficientemente bem informados sobre as grandes questões ambientais da actualidade. Essas opiniões são próximas das observadas nos Estados Unidos da América, onde a maioria dos americanos acreditam estar mais bem informados do que realmente estão.
A degradação física das antigas instalações do Campus de Angra do Heroísmo, passam uma "mensagem invisível" de "falta de cuidados ambientais" aos seus alunos, não favorecendo o aparecimento de atitudes "ambientalmente correctas".
Desta investigação parece que nada na Universidade é neutro, que os alunos aprendem muito para além do que lhes é ensinado pela via formal e que os procedimentos organizacionais têm incidências nos valores e motivações ambientais dos alunos.
Os inquiridos neste trabalho, Educadores de Infância formados na Universidade dos Açores, tem um forte pendor ecológico de acordo com os valores preconizados no Novo Paradigma Ambiental. Vários factores podem explicar este facto: a frequência do curso universitário em análise e a influência do currículo formal e oculto, uma vez que esses profissionais reflectem mais sobre as temáticas ambientais do que os alunos que só agora iniciam a sua formação.
Da análise feita à escala de conhecimentos ambientais locais, todos os inquiridos neste estudo tendem a concordar com as afirmações que propõem alteração de comportamentos pessoais em benefício do meio ambiente da Região, todavia, quando as afirmações são colocadas numa óptica de desenvolvimento regional, podendo existir prejuízo para o ambiente, tendem também a concordar com elas.
As questões culturais e tradicionais, não são consideradas pelos inquiridos como sendo educação ambiental, admitindo assim que o desenvolvimento socialmente desejavel, economicamente viavel e ambientalmente sustentavel, não bebe dos valores da cultura popular.
Esta investigação aponta para grandes potencialidades do Campus de Angra do Heroísmo na promoção da Educação Ambiental entre alunos, professores e funcionários, se conseguir divulgar eficazmente o trabalho que efectua nessa área. Assim a instituição deverá pugnar por um modelo de comportamento pró-ambiental, envolvente e estimulante que promova a literacia ambiental, principalmente entre os alunos, que desencadeiam efeitos multiplicadores.
A Universidade tem responsabilidade social no desenvolvimento da literacia ambiental dos educadores de Infância e na construção de alicerces para a inclusão da educação ambiental no ensino pré-escolar e básico. A Universidade é assim o lugar priveligiado para uma educação dirigida às exigências dos nossos tempos, direccionada não só às crianças, mas também a adolescentes e adultos.

Sunday, June 24, 2007

Percepção de Risco Sobre Alterações Climáticas: Estudo Exploratório na Ilha Terceira - Açores

Realizaram-se as provas públicas de defesa da Tese de Mestrado em Educação Ambiental de Maria Manuela de Melo Figueiredo com o título "Percepção de risco sobre alterações climáticas globais: Estudo Exploratório na Ilha Terceira - Açores" orientada pela Professora Maria Luísa Pedroso de Lima do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa e pelo Professor Félix Rodrigues do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.
O júri foi constituído pelos professores:
Doutora Rosalina Maria de Almeida Gabriel, professora auxiliar da Universidade dos Açores (por designação do Magnífico Reitor), Doutora Maria Luísa Pedroso de Lima, professora associada com agregação do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, Doutor António Félix Flores Rodrigues, professor auxiliar da Universidade dos Açores, Doutora Ana Margarida Moura de Oliveira Arroz, professora auxiliar da Universidade dos Açores e Doutora Maria Manuela Fraga Juliano, professora auxiliar da Universidade dos Açores.
Neste estudo exploratório pretendeu-se identificar o modo como a população da ilha Terceira, no Arquipélago dos Açores, percepciona, concebe e se posiciona face aos riscos das alterações climáticas, de modo a fornecer pistas que permitam uma comunicação de risco mais eficaz sobre esse assunto.
Os terceirenses revelam elevada preocupação com as alterações climáticas globais, embora essa problemática não seja considerada tão priotitária como o terrorismo e a SIDA que ocupam o topo das suas preocupações. Os grupos mais preocupados com as alterações climáticas globais são as mulheres e os mais velhos (dos 50 aos 64 anos).

Os riscos das alterações climáticas globais são percepcionados pelos terceirenses como sendo "muito ameaçadores" tendo "efeitos catastróficos", de "exposição involuntária", considerado um risco "novo" embora "conhecido da ciência", com "efeitos visíveis", tendencialmente previsíveis e controláveis.
Os modelos mentais dos terceirenses, obtidos através da associação de palavras a ideias, indicam que os termos "alterações climáticas" e "aquecimento global" são próximos mas não coencidentes, e estão associados ao aquecimento da atmosfera e aos seus impactos directos como o degelo das calotes polares, o aumento do nível médio da água do mar, a desertificação e as secas. Afectivamente, associam esses termos a algo negativo, onde 96% dos inquiridos afirma ter receio dessas alterações. Essas associações estão em consonância com as previsões dos especialistas, para as ilhas de pequena dimensão.


Apesar da concordância entre as preocupações e a previsão de impactos feita pelos especialistas, alguns conceitos confundem-se na mente dos terceirenses como os conceitos de clima e de tempo, e de alterações climáticas e deplecção da camada de ozono, que embora ligeiramente relacionáveis, dizem respeito a fenómenos distintos.
Os terceirenses, maioritariamente consideram que os efeitos nefastos das alterações climáticas globais se farão sentir com maior grau em locais longe do arquipélago. Essa percepção é explicada pelo "efeito da familiaridade" ou de "identificação com o local" que nega o risco a que os indivíduos estão sujeitos, opondo o risco pessoal ao risco generalizado.
Por vezes, defende-se que as causas das alterações climáticas globais são naturais, para justificar a inacção. Os terceirenses consideram que a principal causa das alterações climáticas globais é antropogénica.

As fontes de informação, onde os terceirenses obtiveram conhecimentos sobre essa problemática foram a televisão, a rádio e a Internet. Relativamente às fontes preferidas para receber informação desse teor, referem a televisão, Jornais e revistas e Internet.
Relativamente ao Tratado de Quioto, a grande maioria posiciona-se favoravelmente, havendo 24,5% dos inquiridos que desconhecem as suas intenções e conteúdos.
Os terceirenses reinvendicam uma mudança da sociedade, melhorada continuamente, através de reformas, o que quer dizer que não estão interessados em alterações bruscas ou ropturas no modelo social actual.


A maioria dos inquiridos prioritiza a qualidade ambiental relativamente ao desenvolvimento económico tradicional. Consideram que as áreas a apostar devem ser a Educação e a Indústria. A segunda prioridade das apostas deve centrar-se no ambiente e na agricultura.
A maioria dos inquiridos confia nas Escolas, na televisão e na rádio para a promoção da temática das alterações climáticas globais e desconfia das informações sobre esta temática se forem veículadas pelos os partidos políticos e Governo Regional.
Foram identificados grupos de indivíduos que se encaixam nas visões do mundo da teoria cultural, como a materialista, a fatalista e a hierárquica, todavia, a grande maioria dos terceirenses situam-se entre a visão materialista e fatalista do mundo, que em parte se opõem.