Inclusão de alunos com necessidades educativas especiais: atitudes dos educadores de infância e dos professores do 1º Ciclo do ensino básico (Açores)
Realizaram-se, no dia 27 de Novembro de 2007, no auditório do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores as Provas de Doutoramento da Mestre Maria Letícia Henriques Leitão, no Ramo da Educação, especialidade de Necessidades Educativas Especiais. A tese com o título "Inclusão de alunos com necessidades educativas especiais - atitudes dos educadores de infância e dos professores do 1º ciclo do ensino básico da Região Autónoma dos Açores" foi avaliada por um júri constituído pelo Vice-Reitor da Universidade dos Açores Doutor José Brandão da Luz, que o presidiu, pelo Doutor Thomas Hofsass, Head Professor do Departamento de Educação Especial da Universidade de Leipziz-Alemanha, pela Doutora Maria Teresa Pires de Medeiros, Doutora Isabel Maria Cogumbreiro Estrela Rego e Doutor Pedro Francisco Gonzalez do Departamento de Ciências da Educação da Universidade dos Açores, Doutor Marcelino Arménio Martins Pereira da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, que orientou estas provas, e pela Doutora Ana Maria Silva Pereira Serrano do Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho.
A tese resultou de uma investigação num contexto de mudança dos sistemas educativos nacional e regional, em que o modelo da «Escola Inclusiva» surge como um movimento inovador no sistema de ensino, subjacente a uma nova concepção de escola, que impõe o reconhecimento geral da educabilidade de todas as crianças. Neste contexto, pretendeu-se investigar as atitudes dos educadores de infância e dos professores do 1º ciclo do ensino básico, envolvendo as nove ilhas do Arquipélago dos Açores, face à prática da inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais. Complementarmente, este estudo procurou saber: se os educadores de infância e os professores do 1ºCEB apoiam a inclusão enquanto princípio filosófico e estão dispostos a implementar práticas educativas inclusivas; se existem diferenças entre as atitudes dos docentes do ensino regular, de educação especial e de apoio educativo; se a formação académica destes agentes educativos condiciona a implementação da educação inclusiva; e ainda se a sua experiência docente surge associada a atitudes distintas face à inclusão. Participaram no estudo 804 educadores de infância e professores do 1ºciclo do ensino básico, regular, especial e de apoio educativo, que representam 47% dos docentes deste Arquipélago, a quem foi administrado um inquérito especificamente desenhado e validado para esta pesquisa. Composto por dois questionários e uma escala, em formato Likert de quatro níveis, este instrumento pretende avaliar, para além da caracterização pessoal e profissional dos participantes, as suas opiniões e atitudes face à inclusão. Análises estatísticas uni e multifactoriais, em função da natureza e número de variáveis considerados, permitiram testar as questões em apreço.Os resultados desta investigação sugerem, na linha de pesquisas anteriores, que os docentes de ensino regular continuam a apresentar maiores resistências do que os docentes de educação especial, face à inclusão. Somente os docentes de educação especial apresentam atitudes clara e marcadamente pró-inclusivas; os restantes mostram-se cépticos em relação à sua implementação no contexto actual. Da mesma forma, se verificam efeitos nas atitudes em função da formação inicial e, particularmente, da formação complementar em necessidades educativas. Em relação ao nível de experiência docente, os resultados sugerem que, também de acordo com pesquisas anteriores, a experiência lectiva reforça as atitudes positivas face à inclusão. A precariedade dos recursos, dos apoios educativos, a escassez de equipas multidisciplinares, a falta de formação na área e o tamanho da classe constituem os obstáculos mais reportados como condicionantes da implementação de uma escola inclusiva. Esta pesquisa vem sinalizar a necessidade da concepção e implementação de dispositivos formativos no sentido de promover, junto dos docentes, atitudes e práticas mais positivas face à inclusão. Uma análise mais apurada dos resultados permite direccionar os propósitos e estratégias a accionar com esta finalidade.
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