Percepções de risco dos cidadãos sobre o impacto das pragas na ilha Terceira
A actividade humana no planeta tem provocado graves desequilíbrios nos ecossistemas. Nalguns casos comprometeu a estabilidade ecológica de tal forma que os problemas se tornaram irreversíveis. Nas últimas décadas os impactos provocados pelas actividades humanas assumiram contornos alarmantes, pois sendo o homem uma espécie cosmopolita levou consigo espécies mais longe do que a sua própria capacidade de dispersão natural lhes permitia, alterando dessa forma a distribuição global das espécies. A entrada de um só organismo invasor numa determinada região pode provocar consequências devastadoras na economia e património natural de um país. Várias têm sido as descrições ao longo da história da humanidade acerca do seu carácter destruidor, demonstrando assim a seriedade desse fenómeno.Tratando-se de um problema à escala mundial, a ilha Terceira não foge à regra, tendo-se confrontado diversas vezes com os infortúnios provocados pela disseminação de várias espécies exóticas invasoras. Tal facto tem custado ao poder local e aos cidadãos terceirenses valores avultados.
Neste trabalho pretendeu-se determinar a percepção de risco e o grau de conhecimento que a população terceirense possui acerca das pragas que assolaram e continuam a assolar a ilha. Pretendeu-se igualmente detectar distintos tipos de racionalização e identificar as lógicas de argumentação que lhes subjazem e justificam, por exemplo, eventuais hierarquizações dos riscos percebidos de diferentes pragas, bem como para desvendar os factores de enquadramento sócio-cultural que, directa ou indirectamente, condicionam aquelas percepções. Para tal foi realizado um inquérito a 346 terceirenses, onde metade dos inquiridos residia em espaços citadinos e a outra metade em espaços rurais.Verificou-se que a população terceirense possui a noção do conceito de praga, reconhece que a acção do homem contribui fortemente para a proliferação desta problemática e identifica alguns dos impactos que lhe estão subjacentes. Porém, não estão suficientemente informados acerca das pragas que assolam ou assolaram a ilha ao longo dos tempos. Ainda que sejam as mulheres a atribuir maiores níveis de prejuízos inerentes a esta temática, os resultados demonstram que na maioria das questões colocadas afigura-se uma homogeneização quanto a alguns factores de enquadramento sócio-cultural, ou seja, não se encontram diferenças significativas quanto à idade, grau de escolaridade, profissão ou residência.
Neste trabalho são sugeridas algumas pistas no que concerne à comunicação de risco que poderão contribuir para uma melhor gestão desta problemática.
