Espaços Verdes ou Contextos de Relação: Perspectivas e Preocupações das Crianças acerca do Ambiente

Foi apresentada e defendida a tese de Mestrado em Educação Ambiental da Universidade dos Açores de Luzia Cordeiro Rodrigues, com o título "Espaços Verdes ou Contextos de Relação: Perspectivas e Preocupações das Crianças acerca do Ambiente" no dia 22 de Janeiro de 2008, no Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores. A tese foi orientada pelas Professoras Ana Moura Arroz e Rosalina Almeida Gabriel dos Departamentos de Ciências da Educação e Ciências Agrárias, respectivamente, ambas da Universidade dos Açores.O júri foi constituído pela Doutora Regina Maria Pires Toste Tristão da Cunha, professora auxiliar da Universidade dos Açores (por designação do Magnífico Reitor) pelo Doutor Manuel José Jacinto Sarmento Pereira, professor associado com agregação do Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho, pela Doutora Rosalina Maria de Almeida Gabriel, professora auxiliar da Universidade dos Açores, pelo Doutor Francisco Cota Rodrigues, professor auxiliar da Universidade dos Açores e pela Doutora Ana Margarida Moura de Oliveira Arroz, professora auxiliar da Universidade dos Açores. O ambiente tem sido motivo de preocupação mundial, devido ao agravamento dos seus problemas. É neste âmbito que surge a educação ambiental, que dirigida principalmente às crianças, apresenta-se como principal instrumento para o desenvolvimento de uma consciência colectiva que se quer urgente. No entanto, enquanto que as atitudes e crenças dos adultos em relação ao ambiente têm sido largamente estudadas, as perspectivas das crianças são ainda pouco conhecidas. Procurando colmatar este vazio de conhecimento, esta investigação teve como principal propósito explorar as suas concepções, tentando capturar as diferentes formas de experienciarem o ambiente. Este estudo, realizado na ilha Terceira (Açores, Portugal), com 75 crianças do quarto ano do Primeiro Ciclo do Ensino Básico, englobou diversas técnicas, na abordagem metodológica utilizada: livre expressão escrita, fotografias, desenhos e entrevistas semi-estruturadas individuais. A interpretação dos resultados foi realizada de uma forma flexível, mobilizando análises descritivo-interpretativas e estatísticas, sendo de destacar o recurso à abordagem fenomenográfica, que nos permitiu explorar os modos qualitativamente distintos das crianças perspectivarem o ambiente. Constatou-se que as crianças visualizam o ambiente como um espaço determinado ou um contexto onde são exercidas relações unilaterais do homem para o ambiente e vice-versa. Para a maioria, é identificado com a natureza, sendo representado, quer no presente quer no futuro, com um elevado grau de pureza. E, apesar da poluição ser apontada como a sua principal preocupação, não é ela a responsável pelos problemas ambientais do futuro, mas sim a construção de infraestruturas. Visto como fonte de recursos, o ambiente tem no homem o principal responsável pela sua delapidação e pelo futuro menos bom que nos espera. A escola e a família, enquanto fontes principais do conhecimento ambiental, assumem um papel preponderante para estas crianças, que neles depositam confiança relativamente às informações que são transmitidas. No que respeita a implicações pedagógicas, considera-se ser necessário expandir o entendimento das crianças quanto às relações entre o indivíduo, a sociedade e o ambiente e levantamos algumas questões acerca da educação ambiental veiculada que, dados os resultados do estudo, parece transmitir uma visão limitada de ambiente.